A obesidade atualmente é considerada um problema de saúde pública, principalmente por ser um fator de risco para outras enfermidades, como doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão e alguns tipos de câncer. Mas não é só isso.

O aparelho locomotor também é outro sistema afetado pelo excesso de peso, que gera um maior risco de dor e lesões envolvendo todas as regiões do corpo, mas principalmente a coluna vertebral.

O que acontece é que o alinhamento corporal é diretamente afetado pela distribuição da gordura corporal, que promove uma sobrecarga e predispõe o aparecimento de alterações posturais. A questão é ainda mais delicada quando consideramos o acúmulo de tecido adiposo no abdômen, que, associado a uma hipotrofia muscular e ao atraso da ativação dos músculos estabilizadores da coluna, contribui para o aparecimento da instabilidade lombar em pessoas obesas. Quando os músculos que estabilizam a coluna não são ativados de forma adequada, ocorre uma sobrecarga das estruturas ligamentares, articulares e ósseas, predispondo o aparecimento de disfunções, degeneração e consequentemente sintomas dolorosos.

Outro ponto que se observa é que, de forma geral, indivíduos obesos têm maior dificuldade de manter o equilíbrio e a estabilidade da coluna na postura estática e também de realizar a marcha e a locomoção por conta do excesso de peso, da distribuição da massa corporal e da própria relação das medidas entre o tronco e os membros inferiores. Além disso, podem surgir alterações posturais associadas à obesidade, sendo que as mais presentes são a hiperlordose lombar, hipercifose dorsal e hiperlordose cervical. Uma alteração consequência da outra.

Por causa dos músculos abdominais fracos e da inclinação anterior da pelve, a hiperlordose lombar aumenta a concavidade na parte mais baixa da coluna. O acúmulo de gordura abdominal colabora para a protrusão do abdômen, gerando fraqueza e distensão da musculatura abdominal. Assim, a capacidade de compressão do abdômen sobre a coluna lombar é perdida, levando ao aumento da curvatura.

Por sua vez, como forma de compensação, o aumento da lordose lombar pode também colaborar para o aumento da cifose na região dorsal da coluna. O aumento do peso e do tamanho das mamas e da gordura do tórax bem como a anteriorização dos ombros, também são fatores que contribuem para isso.

Tais alterações posturais contribuem para o aparecimento da lombalgia? A resposta é sim. A distribuição da gordura no abdômen que leva a uma biomecânica ineficiente da coluna do indivíduo obeso, leva a ditensão, fraqueza muscular e sobrecarga nas articulações durante o movimento. Todo esse conjunto de alterações contribui para a dor lombar.

É importante que nesses casos sejam utilizadas medidas que auxiliem na melhora da força dos músculos do tronco. Exercícios de estabilização segmentar vertebral também são recomendados como coadjuvante ao tratamento e atuam na prevenção da dor lombar em obesos.


Dr. Rafael Barreto – CRM/SP 122.568
Dr. José Carlos Barbi – CRM/SP 32.705
Dr. Alexandre Jaccard – CRM/PR 27.412 / CRM/SP 116.476
Dr. Ricardo Acácio – CRM-SP 225.318 / CRM-SC 12.732 / CRM-PR 21.521
Dr. Fernando Herrero – CRM 112.5376